terça-feira, 17 de abril de 2012

Como é que pode?

Como é que duas pessoas, criadas em núcleos familiares distintos, que tiveram experiências as mais diferentes possíveis, que aprenderam limites e valores diferentes, que brincaram em espaços tão diversos podem, de repente, passar a viver em perfeita harmonia sob o mesmo teto?
Não dá. Aliás, não dá pra viver em perfeita harmonia, mas em harmonia sim. E como dá! Vão surgir rusgas, rugas e sorrisos; vão ter dias de tempestade e outros de muita bonança; tem dia que os dois estarão um grude, mas tem dia que é melhor ele ir passear e deixar você sozinha. Não há mal nenhum nisso – ao contrário, quer dizer que estão os dois vivos, que tem vontades e não estão se anulando pelo relacionamento.
Casamento, para seguir adiante, nesse mundo de relações tão voláteis, precisa ser repensando, conversado, reinventado. Não cabe intolerância, orgulho ou distância. Do contrário, um se acostuma com a ausência do outro, mesmo estando fisicamente por perto. E aí, para o afastamento ou mágoas, é só um sopro.
Você precisa rir das bobagens do outro, achar graças nas piadinhas e brincadeiras; precisa gostar do beijo e do cheiro do outro – não depois de um banho, mas ao acordarem, com cabelos e rostos amassados; precisa não se preocupar tanto com as manias, não se irritar com um copo no cantinho do sofá, um sapato na sala, uma toalha na cama ou uma roupa fora do lugar.
Quem leva o lixo? Quem lava as vasilhas? Quem faz compra? Quem cozinha? Quem arruma a casa, passa as roupas, molha as plantas, limpa a geladeira, arruma a cama, põe a mesa?  Tomara que, nas respostas, apareçam dois nomes intercalados – e que um deles não seja o da empregada ou faxineira. Pode haver leveza até nesses momentos do dia a adia, nas obrigações e tarefas que nunca se acabam...
O melhor de tudo isso é irem amadurecendo juntos, com o devido distanciamento de familiares e amigos nas decisões mais críticas. Visitas, passeios e finais de semana na casa dos pais são maravilhosos – mas são passeios, e devem ser tratados assim. Do contrário, fica tudo mais difícil, mais dolorido, mais desgastante.
Sabe por que dá certo, então, que essas duas pessoas vivam felizes, juntas, e comemorem 10, 15, 50 e até 80 anos de casados? Porque o amor vence tudo, pode tudo, ganha de tudo. Ah, não há problema que resista a um abraço apertado, aconchegante e caloroso; a um beijo demorado nos lábios de onde saem as palavras mais doces e sinceras nos momentos certos. É, o amor, grande amor... feliz de quem o encontra, mesmo que por um dia, por um momento. Feliz de quem teve a oportunidade de senti-lo uma vez na vida verdadeiramente.

YY

2 comentários:

  1. Lindo texto! :)
    Gostei bastante de sua reflexão!
    Poucos casais tem esta sensibilidade!
    E o importante é o amor,o sorriso e a alegria mesmo em meio a tantas tarefas domésticas.
    :)

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    Respostas
    1. Oi Ceci.
      É isso mesmo. Aprendi com o tempo, criando maturidade na relação aos poucos. Mas é assim que construímos uma vida a dois de verdade...

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